O que começou como uma polêmica envolvendo disputas judiciais, projetos de lei e até consultas no SUS, virou também motivo de humor (e conscientização) nas redes sociais. Prefeituras da região dos Campos Gerais do Paraná, como Arapoti e Jaguariaíva, publicaram alertas bem-humorados informando que suas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) não atendem bebês Reborn.
As postagens, feitas nos perfis oficiais, misturam linguagem de meme com um recado sério: os serviços públicos de saúde são destinados a pessoas de verdade.
Em Arapoti, o aviso foi direto e irônico: "Nossas UBS’s não estão atendendo nenhum modelo de bebê Reborn", acompanhado de imagens de bonecas e um layout propositalmente descontraído. Já em Jaguariaíva, a abordagem foi mais institucional, mas sem perder o tom de humor:
“Diante de casos registrados em outras cidades do país, a Prefeitura de Jaguariaíva esclarece que as unidades de saúde não atendem bebês Reborn! Atendimento de saúde é para pessoas que precisam de verdade”.
Ambas as publicações rapidamente ganharam repercussão local e nas redes, com comentários agradecendo o “esclarecimento” e brincadeiras sobre o nível da situação.
Os bebês Reborn são bonecos hiper-realistas criados para se assemelhar a bebês de verdade, tanto na aparência quanto no peso e textura. Vendidos por valores a partir de R$ 3 mil, eles surgiram inicialmente como peças de coleção, mas também ganharam espaço em terapias voltadas ao luto, solidão e ansiedade.
O problema é que, recentemente, casos de vínculo emocional excessivo começaram a gerar situações inusitadas — e preocupantes.
Em Goiânia, uma advogada relatou ter sido procurada por uma cliente que queria regularizar judicialmente a guarda de uma boneca Reborn após o fim de um relacionamento. A disputa envolvia até a divisão de lucros de uma conta no Instagram da “bebê”, que estava monetizando.
A repercussão foi tanta que já há propostas legislativas em tramitação. No Rio de Janeiro, o deputado estadual Rodrigo Amorim protocolou um projeto de lei para oferecer tratamento psicológico no SUS a pessoas que desenvolvem vínculos excessivos com bonecos Reborn, classificando o fenômeno como “surto coletivo”.
Em Minas Gerais, outro projeto de lei propõe multar quem levar bonecas Reborn para atendimento médico no SUS, após o caso de uma jovem de 17 anos que viralizou ao fazer exatamente isso e depois alegar que era “só uma brincadeira”.
Embora reconhecidos como ferramentas terapêuticas em contextos específicos, especialistas alertam que o uso excessivo dos Reborns pode agravar quadros de isolamento social, depressão e transtornos de apego, exigindo acompanhamento psicológico adequado.