Aos 45 anos, o Dr. Márcio Paulo de Lima acumula histórias que desafiam a linearidade de uma carreira médica. Formado em Letras, ex-professor da rede pública e bancário, ele só ingressou na medicina aos 38 anos, após se encantar pela área durante um trabalho como assessor de prefeitura. Hoje, é generalista com pós-graduação em psiquiatria, ex-diretor do Hospital Municipal de Curiúva (PR) e atual diretor de saúde do município de Sapopema, e também, dono de um consultório próprio em Curiúva.
Há dois anos, Márcio reserva um sábado por mês para atender gratuitamente pacientes sem condições financeiras. O gesto, que chama de "agradecimento a Deus", nasceu de uma promessa feita durante a faculdade:
"Eu me propus que, quando me estabelecesse, dedicaria parte do meu tempo a quem não pode pagar* .
Em 2024, seu compromisso ultrapassou os limites do consultório: ele viajou 50 km aos domingos para atender Patrícia, uma paciente de Telêmaco Borba (PR) com depressão severa e complicações de uma hérnia de hiato. Mesmo após a morte dela, recebeu uma carta emocionante da mãe, Maria Reni:
"Dr. Márcio, você está cumprindo o juramento da sua formatura. Deus lhe recompense”.
Márcio atende pelo SUS em Sapopema e outros municípios paranaenses, regiões com carência de profissionais. Sua história revela:
Falta de acesso: Pacientes como Patrícia dependem de redes informais (igrejas, terapeutas) para encontrar tratamento.
A carta de Maria Reni simboliza o valor de gestos simples na medicina: "Choramos juntos ao telefone. Aquela letrinha linda marcou minha vida".