Nesta quinta feira (9), Isabel de Lima Xavier, moradora da cidade de Arapoti, nos Campos Gerais do Paraná, entrou em contato com a reportagem da Folha contando que seu filho, que é autista, de cinco anos de idade, havia sido amarrado na escola para que a professora pudesse tirar uma foto dele enquanto participava de uma atividade pedagógica.
Segundo Isabel, o fato aconteceu ainda no ano passado, mas ela soube da situação apenas em dezembro, quando recebeu os materiais do ano letivo de seu filho. “No último dia de aula, a escola enviou os materiais dele para a casa. Quando eu fui ver, achei uma foto dele amarrado e com um olhar triste”, contou a mãe à reportagem.
João Miguel tem cinco anos de idade e estava fazendo aulas de apoio na Escola Rafael Ribeiro de Lara, que é mantida atualmente, pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Na imagem, é possível ver João Miguel amarrado em uma cadeira. Segundo a mãe, a escola alegou ter sido necessário durante a atividade.
"quando eu vi a foto, percebi que ele estava triste e com medo. Então entrem em contato com o Conselho Tutelar e abri uma denúncia”, contou a mãe. Foi quando a escola fez um relatório contando o ocorrido para Isabel. “Com isso, a APAE me enviou um relatório, falando que ele foi amarrado por uma professora, pois iria tirar uma foto dos alunos”, acrescentou.
Segundo a mãe, conter João não é uma coisa fácil. “Ele é assim sabe. Por ser autista e não verbal, quando ele não aceita alguma coisa, a gente tem que segurar ele e para isso, ele se bate muito. E eu acho que é o que deve ter acontecido lá na escola também”, comentou a mãe nervosa com a situação.
Contudo, a reportagem da Folha entrou em contato com a direção da escola, que apresentou o outro lado da história. “Em dezembro, a mãe do João entrou em contato com o Conselho contando o que aconteceu, e nós até enviamos para ela um relatório sobre o que realmente havia acontecido na sala de aula e, por mais que pareça, não amarramos ele na cadeira”, contou a diretora Gessiara.
Segundo Gessiara, a situação aconteceu no início do ano, quando a professora da classe estava ensinando sobre linguagens visuais. Para demonstrar as linguagens, a professora tirou fotos dos alunos e colou os nomes deles embaixo da foto. “Quando chegou a vez do João, ele não parava quieto, então colocamos ele em uma cadeira própria para os alunos que não tem coordenação motora controlada”, explicou a diretora.
Conforme explica a diretora, a cadeira é própria para os alunos que não conseguem controlar o corpo com firmeza durante as atividades, e é equipada com cintos de segurança, para que as crianças consigam parar nas cadeiras. “Só utilizamos a cadeira na hora da foto, porque precisávamos tirar a foto e fazer a atividade, mas em momento algum obrigamos o João e o forçamos a sentar na cadeira”, afirmou a diretora.
Segundo ela, após a foto, João foi retirado da cadeira e a fotografia havia sido enviada para a mãe. “Não faríamos isso para prejudicar ele, tanto que enviamos a foto para mãe”, enfatizou Gessiara. “E outra, a professora não faria isso, até porque ela também é mãe de uma criança autista. Posso afirmar que isso não aconteceria aqui em nossa escola, tanto com o João quanto com qualquer outra criança que estuda aqui”, enfatizou a diretora.
Contudo, o caso ainda segue sob investigação. Isabel já prestou depoimento para a Polícia e a escola ainda deve ser ouvida para que as medidas cabíveis sejam tomadas